quarta-feira, 4 de maio de 2011

Quando o silêncio toca as folhas das árvores

A matemática opõe-se diametralmente à literatura.
Aliás, a matemática é metálica e arranha o coração
quando tenta determinar a quantidade da ilusão que resta. 
Que coisa mais racional!


E quem já não se viu equacionado num “todo” ou num “vazio” ? 
Definitivamente, ela  não aprendeu a lidar com  pesos e  medidas.
Fora aluna indisciplinada, derrapou na reta do conhecimento lógico
e quebrou  a cara  porque não soube prever a velocidade de dois corpos. 
Os poetas e filósofos nunca a preveniram, só estimularam:
“Tudo vale a pena se alma não é pequena.” E agora Fernando Pessoa, 
continuaria ela a lançar o olhar de asas sobre as árvores?
Continuaria a se conformar com Stendhal: "Possuir é nada, desejar é tudo"? 


Deixou que o silêncio levemente lhe tocasse o rosto.
O silêncio que já lhe tocara antes e que lhe tocará depois.
O silêncio que só fala do silêncio. 
O silêncio que é belo sem ter porquês. 
É porque é. Assim é, assim seja.


Lucilene Machado

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